“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!”.
É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba,
a barba de Arão, e que desce à orla de suas vestes;
como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião;
porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre.”“.
Apesar de breve, o Salmo 133 é riquíssimo em referências bíblicas. Apenas Arão, o irmão do patriarca Moisés, tinha acesso ao Senhor perante a Arca da Aliança. “Mandarás fazer vestes litúrgicas para teu irmão Arão, em sinal de honra e distinção”, diz o Senhor em Êxodo, 28. Para prostrar-se diante do Senhor, Arão deveria estar ungido por um óleo precioso. “O Senhor falou a Moisés, dizendo:” “Tu, pois, toma para ti das principais especiarias, da mais pura mirra quinhentos siclos, e de canela aromática a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos,
24 E de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveiras um him..” Êxodo, 30.
Grande era a alegria de Arão de untar-se do óleo precioso, elaborado segundo receita prescrita pelo próprio Senhor. Diz o analista bíblico que Arão se ungia sem parcimônia, deixando que o óleo precioso escorresse pelas barbas e chegasse às orlas de suas vestes, transparecendo a alegria de comparecer diante do Senhor.
Outra referência histórica é o orvalho de Hermom. Os hebreus censuravam Moisés, diante da fome e agruras da caminhada no deserto. “Quem dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor do Egito, quando sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Trouxestes-nos ao deserto para matar de fome toda esta gente”.Êxodo, 16.
Eram dias críticos, em que os hebreus passavam por forte provação. Já haviam caminhado 75 dias, sem reservas suficientes para alimentar toda aquela massa de fiéis. Foi então que o Senhor falou a Moisés: “Eu ouvi as reclamações dos israelitas. Dizei-lhes: Ao anoitecer comereis carne, e amanhã cedo vos fartareis de pão. Assim sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus”.Como haveria meios de prover pão a toda aquela gente? A ação divina cuidaria disso. “Pela manhã formou-se uma camada de orvalho ao redor do acampamento. Quando o orvalho evaporou, na superfície do deserto apareceram pequenos flocos, como cristais de gelo sobre a terra. Ao verem, os israelitas perguntavam-se uns aos outros:” “Que é isto?”, pois não sabiam o que era.”Êxodo, 16”.
O orvalho de Hermom, de que nos fala o Salmo 133 era o maná divino, que alimentou os israelitas durante toda a caminhada descrita no Livro do Êxodo. Era a retribuição de Deus àqueles que lhe devotavam fé.
Assim se fecham as idéias do Salmo 133, rico em comparações sapienciais. Não temos o desafio da caminhada no deserto rumo à terra prometida, como o tiveram os israelitas. Enfrentamos o desafio diário da violência, da ira, da descrença. Para vencê-los, precisamos tão somente da união, da vida em fraternidade entre irmãos.
De sua simples leitura, destacam-se duas comparações: viver em união é comparável ao óleo precioso sobre a cabeça de Arão e é também comparável ao orvalho de Hermom. O próprio orvalho bíblico é comparado com a benção divina e a vida eterna.